1. O que é ética?
Ética é uma palavra usada com certa frequência no dia a dia das pessoas, mas de fato pouco notamos sua complexidade para uma definição verdadeira. A palavra ética faz menção a um ramo de estudo da filosofia o qual busca compreender os padrões de comportamento humano e questões existencialistas ao que se diz respeito a humanidade desde os primórdios da civilização. Assim, o dicionário comum conceitua ética como:
“Parte da filosofia responsável pela investigação dos princípios que motivam, distorcem, disciplinam ou orientam o comportamento humano, refletindo esp. a respeito da essência das normas, valores, prescrições e exortações presentes em qualquer realidade social”.
No entanto, além de seu fator filosófico, atualmente a palavra ética vem sendo utilizada para definições de condutas profissionais. Desse modo, os profissionais dos mais variados ramos de atuação começaram a desempenhar funções pré conduzidas por uma conduta social demandada para aquela determinada profissão. Com isso, obtém-se os mais variados exemplos de códigos de ética profissional conhecidos hoje em dia, tais como: o estatuto de ética da OAB, para os advogados, e o código de ética dos atuantes da medicina, aos médicos. Em acordo com o que há em comum entre os códigos, os pilares fundamentais para o encontro de um profissional ético nos dias de hoje seria: ter respeito e saber agir de acordo com o código de ética do ambiente em que vive.
A partir de todas as questões anteriormente expostas, a ética empresarial seria a usurpação da conceituação de ética profissional para o meio empresarial a fim de facilitar e conduzir as condutas comportamentais de uma empresa e de seus funcionários. Assim, a ética empresarial seria a compilação dos valores morais e éticos de uma empresa dentro de seu ramo de atuação, garantindo um padrão de ações para com os clientes, os funcionários e o mercado concorrente. Essa compilação daria-se através do código de ética, permitindo que haja um encontro de valores para a conduta de relações no meio social.
2. O que é código de ética?
Mas, por fim, o que exatamente seria esse código de ética? A partir do entendimento das afirmações supracitadas, obtém-se a compreensão da necessidade de investir para que haja a instituição da ética empresarial em um negócio. No entanto, ainda permite que haja dúvidas a respeito de como realizar tal ação para torná-la como parte cultural e funcional de uma empresa. A feitura de um documento legal tal qual o código de ética seria fundamental para iniciar essa busca.
De acordo com Andréa Cherman (PUC-RJ) e Patrícia Amélia Tomei (FEA/USP), em seu artigo: “Códigos de ética corporativa e a tomada de decisão ética: instrumentos de gestão e orientação de valores organizacionais?”, ambas doutoras em administração, a definição mais abstracional do conceito seria:
“[…] qualquer documento da organização que instile valores de integridade ética para guiar e forjar o comportamento e a tomada de decisão ética por parte dos funcionários, não importando sua forma, desde de que seu foco esteja em valores ou aspirações: código de conduta, declaração de visão, propósitos, crenças, princípios ou valores” (p. 3).
A partir disso, têm-se que o código de ética é uma espécie de documento personalizado para cada empresa no intuito de compilar os valores cultivados pelo ambiente e pela área de atuação. Assim, funciona como um espécie de acordo a ser selado por todas as partes participantes do processo, com o intuito de ser seguido como um manual de deveres e obrigações mantidos pela empresa nos casos de relações sociais internas e externas. Com isso, são partes das propostas colocadas dentro de um código de ética: a missão da empresa, a cultura e o posicionamento social. Todos os funcionários ficam incumbidos de conhecer as normas presentes nesse manual e a agir a partir do norteamento do mesmo.
O código de ética, então, trata-se de um documento de deveres e regras existentes dentro de um negócio a fim de direcionar os processos de conduta da empresa. Caso utilizada de forma correta, pode trazer diversas vantagens ao empresário por criar um ambiente de empreendimento de aparência mais segura em vista aos clientes e demais interessados nas atividades. A padronização das ações dos funcionários frente ao serviço prestado eleva a imagem do próprio negócio. Além disso, o código também é responsável por determinar medidas que visem combater infidelidades dentro da empresa, tais como corrupção e fraudes. Com isso, acaba por auxiliar no implante de mecanismos de escolha de profissionais mais qualificados para o negócio em questão nos processos seletivos de contratação.
3. Reflexos na imagem do negócio
Como elucidado no tópico anteriormente tratado, o código de ética impacta a imagem da empresa de forma positiva e direta caso utilizado da maneira correta. Esse foi o exato gatilho motivador que levou diversos empresários brasileiros a começarem instituir a ética empresarial em seu negócio, visando promover essa aparência transparente e segura frente ao mercado competitivo. Ganhar a confiança dos clientes ou de contratantes do serviço apresenta-se de extrema importância nos mais variados ramos empresariais atuais.
A realidade presente mostra-se sobre frequentes debates acirrados, e muitas vezes até polêmicos, sobre abordagens que envolvem questões éticas. A partir disso, a sociedade começou a cobrar por uma postura mais valorativa de seus membros, sobre o pressuposto da repercussão de ideais de paz, respeito e empatia. O reflexo desse contexto abateu-se sobre a imagem de credibilidade das empresas. Como pessoas jurídicas dentro dos padrões pré determinados pela lei civil brasileira, ocorre-se a necessidade, de pequenos a grandes negócios, de atrelar-se aos conceitos humanitários citados.
A ação dos empresários também torna-se uma ferramenta importante nesse processo, pois suas vidas são compreendidas como moldes das relações organizacionais internas da empresa e, para compreender melhor sobre essa relação, acesse nosso artigo “A figura do empresário no decorrer da história”. A despeito de tudo isso, os códigos e normas que legislam sobre interesses coletivos também ampliaram a ótica da rigidez frente aos casos.
Levantadas todas essas questões, torna-se mais do que justificável a relação direta entre imagem da empresa e a existência de um código de ética. Frente a esse assunto, os principais aspectos cobrados atualmente sobre as empresas são valorativos como: integridade, honestidade, transparência, qualidade do produto, eficiência do serviço, respeito ao consumidor, etc. Desse modo, a busca por excelência e eficiência são os pioneiros para instituir um bom código de ética para uma empresa, visando sempre a cultura do agir ético dos membros.
A imagem e a credibilidade de um negócio frente a um amplo mercado de trabalho é complexa de ser construída, podendo levar anos para a verdadeira consolidação de um negócio dentro de seu ramo. Diante de tal situação, uma empresa com preocupações de desenvolvimento próprio precisa estar atenta aos empecilhos que lhe geram ônus. A não existência de um código de ética para regimento interno pode apresentar-se como uma grande problemática, além de apontar para uma despreocupação organizacional falha.
Os funcionários de uma empresa precisam estar alinhados na conciliação entre os valores pessoais e os valores empresariais, enquanto o funcionamento interno deve garantir a motivação do quadro de membros para evitar quebra de rotinas e fraudes. Toda essa complexidade de organização pode ser melhor trabalhada a partir da existência de um código de ética.
4. Motivos para se ter um código de ética
Caso todos os tópicos anteriormente citados e desenvolvidos ao longo deste artigo não lhe foram o suficiente para convencer da importância de se obter um código de ética para o desenvolvimento de um negócio, deixo, então, uma lista final contendo 10 motivos para a realização desse documento essencial:
- Auxilia na motivação do quadro de membros da empresa, impactando para o uso de uma política inovadora por parte dos recursos humanos;
- Corrobora para a diminuição de fraudes, corrupções e abusos por parte da administração ao criar um sistema organizacional;
- Atração de investidores e patrocinadores ao passar maior credibilidade e segurança por meio da transparência dos serviços;
- Insere mecanismos éticos para a gestão organizacional como uma tentativa de conter os abusos de poder, permitindo explorar uma política de melhora nos relacionamentos internos entre os funcionários de diferentes escalões;
- Permite a criação de um vínculo de fidelização entre empresa e cliente pela transparência do propósito do negócio;
- Aproxima a alta administração das etapas dos projetos desenvolvidos pela empresa ao recomendar a participação da diretoria no dia a dia das ações desenvolvidas;
- Concilia a conduta da empresa com as leis de segmentos voltados aos direitos humanos, incluindo questões de sustentabilidade e demandas de movimentos sociais;
- Agrega padrões para os fornecedores da empresa ao impor que haja uma conduta ética para com os trabalhadores e com os serviços prestados;
- Permite que a empresa se envolva em projetos em prol da sociedade que a cerca, tais quais demandas regionais da população;
- Agrega uma maior humanização da empresa ao permitir um desenvolvimento interno pautado em regras tanto ao contratado quanto ao contratador.
Por fim, compreende-se que a instituição de um código de ética não é importante apenas por sua vantagem lucrativa. A realidade é que esse documento não apenas permite a organização interna da empresa como também visa incluí-la no ambiente que a cerca, abrindo-a para as demandas sociais ao seu entorno. Segundo Archie B. Caroll, um empreendimento, além de gerar lucros, também deveria contribuir para o funcionamento da sociedade gerando serviços que agregam ao coletivo. Assim, o código de ética auxilia para a conformidade do negócio com as leis e permite um alinhamento mais próximo com a função social da instituição.
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